quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Alguns conselhos para os que querem ajudar os pobres

Sete obrigações a seguir

Se está preocupado com a 'justiça social' e quer genuinamente ajudar os pobres a subir na vida de maneira permanente e independente, há alguns procedimentos que você pode seguir.

Primeira obrigação: não se torne num deles

A sua primeira e imprescindível obrigação para com os pobres é: não se torne num deles e não faça com que outros se tornem num deles. Será muito mais difícil ajudar pessoas pobres se você ou seu vizinho se tornar pobre.  

Assim como você não deve tornar-se pobre, você também não deve defender políticas que levem ao empobrecimento de ricos na crença de que isso levará ao enriquecimento dos pobres. Para o pobre, não interessa se foi você ou o seu vizinho que empobreceu por meio de medidas governamentais; a situação dele não se alterará. Um rico empobrecido não cria um pobre enriquecido. A economia não é um jogo de soma zero.

Não sendo pobre, você tem uma escolha: pode dar o peixe aos pobres comerem ou você pode ensiná-los a pescar o peixe por conta própria — isto é, ensiná-los a serem seres humanos produtivos.

Segunda obrigação: comece dentro de casa

O que nos leva à sua segunda obrigação: se você quer ensinar os pobres a serem independentes e capazes de se auto-ajudar, comece dando o exemplo ainda dentro de sua própria casa.  

Crie os seus filhos de maneira austera. Filhos independentes e não-mimados tornam-se mais produtivos, mais solícitos, mais realistas e menos propensos a roubar ou a ser desonestos. No futuro, o seu filho poderá servir de exemplo comportamental para aquelas pessoas que você está preocupado em ajudar.

Terceira obrigação: explique que, no mundo real, não há mágicas e nem atalhos

Dado que todos vivemos no mesmo planeta (e não há como fugir dele — vivos), todos enfrentamos o mesmo problema sobre como alocar recursos escassos da maneira mais eficiente possível de modo a satisfazer desejos cada vez maiores (já são 7 mil milhões de pessoas na terra). 

Há duas maneiras de alocar recursos:

1) por meio da força, ou seja, por meio de decretos e coerções governamentais;

2) voluntariamente, por meio do sistema de preços propostos pelo mercado. 

Esta segunda maneira é mais duradoura e, logo, preferível para ser adotada com o intuito de sustentar a vida de um enorme número de pessoas. 

Por isso, é também sua obrigação explicar às pessoas — principalmente aos seus amigos igualmente sedentos por 'justiça social' — como funciona uma economia de mercado e por que apenas ela pode criar a maior quantidade possível de bens e serviços para os mais pobres, melhorando a sua qualidade de vida. Todo e qualquer sistema econômico socialista sempre culmina em escassez e em racionamento de recursos, exatamente o contrário do que você quer para os mais pobres.

Quarta obrigação: seja íntegro

A sua quarta obrigação para com os pobres é dar bons exemplos, de modo que eles se sintam estimulados a emular o seu sucesso.  

Não minta, não roube, não trapaceie e, tãopouco, utilize o governo para fazer isso por si. Não enriqueça por meio de políticas governamentais. Não aceite dinheiro nem privilégios do governo — dado que o governo nada cria, tudo o que ele lhe dá foi adquirido coercivamente a terceiros, uma medida que gera apenas ressentimento dos pagadores de impostos.  

Uma civilização que é erigida sobre o roubo e sobre privilégios não pode ser duradoura. Dê o exemplo não contribuindo para o perpetuamento deste esquema.

Quinta obrigação: não adule o governo

Num futuro muito próximo, será cada vez mais difícil para um indivíduo preservar a sua riqueza. Governos falidos ao redor do mundo — consequência económica inevitável de estados sociais-democratas gordos — sedentos para confiscar quaisquer ativos remanescentes numa desesperada tentativa de prolongar a sua sobrevivência (mas sempre em nome do "bem público").  

Os direitos individuais poderão ser abolidos em nome do 'bem comum' e várias leis poderão ser criadas com o intuito de tornar ilegal qualquer medida que vise a proteger a riqueza dos indivíduos mais ricos — e aí sim veremos uma verdadeira caça às bruxas.

Durante a Revolução Francesa e subsequente hiperinflação nos anos 1790, os ricos que não fugiram foram decapitados. Talvez a França tenha sido um caso extremo, mas a história mostra que sempre que os ricos foram pilhados por políticos populistas, os resultados não foram bonitos.  

Portanto, não empreste a sua retórica e nem dê o seu apoio a políticos ou movimentos políticos que defendam o confisco direto da riqueza dos mais ricos. Além de os pobres nunca terem sido beneficiados por tais medidas (algo economicamente impossível), você estará apenas aumentando o número de pobres.

Sexta obrigação: assegure sua riqueza para as gerações futuras

Como consequência de tudo isso, a sua sexta obrigação para com os pobres é assegurar parte da sua riqueza para as gerações futuras. 

Dado que você genuinamente quer ajudar os pobres, acumule o máximo possível de ativos, trabalhe bastante e produza muita riqueza durante seu tempo de vida. Ao produzir riqueza, você não apenas estará empregando pessoas e enriquecendo-as também, como estará produzindo para toda a humanidade uma maior quantidade de bens e serviços.

Caso prefira o assistencialismo puro, você também tem a opção de distribuir toda a sua riqueza quando se aposentar ou quando morrer. Quanto mais riqueza você produzir, mais você poderá distribuir. Você tem liberdade de escolha. Em vez de folgadamente defender o esbulho da riqueza alheia, crie você próprio a sua riqueza e então a distribua-a aos pobres — ou, melhor ainda, empregue-os neste processo de criação de riqueza.

Durante este processo, você terá de saber manter os seus ativos a salvo do perigo, evitando que sejam confiscados pelo governo ou que simplesmente sejam esbanjados e dissipados. É neste quesito que você terá seus maiores problemas, muito embora várias famílias já tenham demonstrado ser possível manter a sua riqueza ao longo de gerações.  

A sua riqueza provavelmente estará sob forma de ativos produtivos que são difíceis de serem movidos de um país para o outro. Isso tornará mais difícil proteger-se do governo doméstico, que estará ávido para confiscar a sua riqueza quando precisar do dinheiro. Logo, você terá de diversificar o lugar dos seus ativos, de modo a que, quando o governo de um país se tornar muito ganancioso (sempre para ajudar os pobres), você terá outra base de operações.

Quem disse que é fácil concorrer com o amor do governo pelos pobres?

Sétima obrigação: deixe heranças

Caso prefira ensinar a pescar em vez de dar o peixe, a sua sétima e última obrigação para com os pobres é legar em herança a sua riqueza a alguém (ou para um grupo de pessoas) que continuidade ao seu trabalho de fazer deste mundo um lugar melhor para os pobres viverem, com uma maior produtividade e uma mais eficiente alocação de ativos.  

Esta poderá ser a tarefa mais difícil de todas. 

Conclusão

Ser caridoso com a riqueza dos outros é uma delícia. Arregaçar as mangas e produzir por conta própria aquilo que você quer ver distribuído já é um pouco mais trabalhoso. Boa sorte!



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